quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre o IV Encontro de Psicólogos do Trânsito

Como foi noticiado aqui no blog, aconteceu nos dias 10 e 11 de setembro o IV Encontro Baiano de Psicólogos do Trânsito. A primeira palestra do dia 11, pela manhã, foi proferida por Rita Cunha do DENATRAN. Ela fez um histórico muito interessante da avaliação psicológica para motoristas no processo de habilitação. Dois pontos chamaram particular atenção: as constantes modificações na forma e na obrigatoriedade da avaliação psicológica para a expedição da carteira de habilitação; e a fragilidade da posição do Psicólogo nesse processo. Os dois pontos estão claramente relacionados.

Quando a avaliação psicotécnica para condução de veículos surge no Brasil ainda não havia a profissão de Psicólogo e sua necessidade é introduzida pela cópia de um modelo Francês.  Como não haviam profissionais habilitados em número suficiente para levar a cabo a tarefa em todo o país exceções foram sendo introduzidas na neccessidade da avaliação.  Por outro lado, se estimava que a avaliação fosse importante, já que seus testes eram utilizados para a seleção de pilotos, e que as mesmas habilidades seriam exigidas de um condutor de veículos. Esse ponto é importane e voltaremos a ele em outro post.

Entretanto, o aspecto mais importante na fala de Rita foi o que indicou explicitamente que há um movimento de contestação da necessidade da avaliação psicológica no processo de habilitação e que os Psicólogos precisavam buscar novas áreas de inserção no Trânsito. Ato contínuo, ela sugeriu que o movimento de Mobilidade Urbana era uma boa iniciaiva nesse sentido. A contestação à ação dos psicólogos se dá em função da não demonstração da utilidade da avaliação na prevenção de acidentes e/ou infrações no trânsito. Considerando que ela é coordenadora da área temática responsável pela avaliação, essas colocações soam como absolutamente preocupantes.

sábado, 18 de setembro de 2010

CFP = Rede Globo ?

O título deste post faz alusão a um comentário de um leitor do blog. Nele o "anônimo" quer saber qual a relação que existe entre o personagem da Rede Globo e o CFP. Em outras palavras, a responsabilidade pelo desvio ético do personagem cabe exclusivamente à Globo sem que o Conselho nada possa fazer a esse respieto. Vamos lá...

Essa não é a primeira vez que um folhetim televisivo retrata um profissional que haje fora do que se considera o limite legal de atuação profissional. Até aqui nada de espantar já que os autores das novelas não têm a obrigação de conhecer os códigos éticos de conduta profissional. Por outro lado, a situação mostrada, da Psicóloga fazendo regressão à vidas passadas, está dentro do imiginário coletivo para a situação ´parece não despertar nenhum tipo mais grave de polêmica.

Nas demais evzes que situação semelhante ocorreu, temos observado que os diversos conselhos profissionais se manifestam sobre a questão, nem que seja para marcar uma posição, defender aspectos do exercício prpofissional. Mas as maiores controvérsias não estão ligadas à maneira equivocada como a rotina de alguns trabalhadores é exibida.As discussões mais acaloradas são em relação à construção do perfil de alguns profissionais. Um exemplo bastante recente foi a ação do personagem de Gianecchini na novela Pasione. O Conselho de releções Públicas se sentiu ofendido e protestou contra o papel do personagem.   E nesse quesito, os campeões de reclamações são os enfermeiros. Duas Caras, com a Alzira de Flávia Alessandra, e Desejo Proibido, com a personagem Raquel interpretada por Letícia Birkheuer, foram as duas novelas mais recentes a provocar a ira dos profissionais de enfermagem do país. Tudo porque eles alegam que as novelas sempre mostram as profissionais da área como vilãs ou com uma conotação sexual.

Seja lá como for, sabemos do forte penetração que as novelas tem no país. Ao deixar passar em brancas nuvens os desvios da profissional o CFP permite que uma imagem distorcida do exercício profissional vá se formando no imaginário coletivo. É esse mesmo público que chegará demandando nos espeços de atuação por este tipo de intervenção. Por outro lado, vários profissionais mais desinformados seguem nessa mesma trilha achando que esse tipo de atuação é permitido.

Da leitura do nosso código de ética profissional é fácil perceber que o profissional que utilizar esse tipo de técnica incorre em falta ética passível de punição. Nem que fosse para "orientar" e "educar" a população o CFP deveria se manifestar sobre o tema, prinipalmente porque não se trata de uma questão relacionada ao perfil do profissional, mas ao exercício profissional.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Escrito nas estrelas, mas completamente esquecido pelo Conselho

Pode ser que estejamos enganados que tenha havido uma mudança na legislação e que nós não tenhamos percebido....

Hoje, passando distraidamente pela frente da televisão durante o horário da novela das 18h na rede Globo, Escrito nas Estrelas, não pude deixar de notar que á personagem Virgíni (Bel Kutner), que interpreta o papel de uma Psicóloga, conduzia uma regressão à vidas passadas com o personagem Vicente (Antonio Caloni).

Diante desse quadro, gostaria de perguntar ao Conselho de (des)Cuida da Profissão: regressão à vidas passadas é uma técnica aceita para os Psicólogos?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entrevista com Graça Jacques

Conforme prometemos, iniciamos hoje um conjunto de depoimentos e entrevistas com pessoas que participaram do processo eleitoral. Buscamos apresentar um pouco do que foi essa experiência, como ela foi vivida em diferentes níveis e, mais importante, que lições ficaram.

Essa postagem marca, ainda, o início de uma nova fase no blog. Deixamos de ser um instrumento de comunicação de uma chapa de oposição e passamos a ser um veículo de comunicação de idéias e debates em torno dos mais variados temas na Psicologia. Nosso intuito é, sem dúvida, o de FORTALECER A Psicologia enquanto ciência e PROFISSÂO.

É com grande honra e satisfação que iniciamos essa nova fase com uma entrevista com Maria da Graça Correa Jacques que encabeçou a chapa Fortalecer a Profissão nas eleições nacionais para o CFP.

Ética na Pluralidade - Fale-nos um pouco sobre você:

Graça Jacques: Quando se apresenta alguém, encabeçando uma chapa de oposição ao CFP, portanto, contrária ao grupo organizado que há muitos anos é responsável pela gestão deste órgão e de muitos Conselhos Regionais, a pergunta que se coloca é: quem é Maria da Graça Jacques? Uma psicóloga, digamos “antiga”, cujo CRP 07 tem o número 23. Hoje, sou professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), embora ainda continue como docente em cursos de especialização da UFRGS e de outras universidades. Durante 20 anos fui professora na Pontifícia Universidade Católica do RGS, o que permitiu uma experiência tanto na área pública como privada. Minha especialidade é Saúde do Trabalhador, e me considero, também, uma militante neste campo interdisciplinar.

EP: Como foi participar das eleições deste ano?

GJ: A experiência de militância em um campo tão difícil como é o campo da Saúde do Trabalhador me fortaleceu para me engajar neste campo de lutas que o Sistema Conselhos de Psicologia hoje se apresenta, lamentavelmente. De um processo eleitoral sempre restam tristezas e alegrias. Espero que as alegrias perdurem.

EP:Como surgiu a idéia de montar uma chapa de oposição?

GJ: Há muito tempo um grupo auto denominado “Cuidar da Profissão” se instituiu como o grupo que deve conduzir os rumos da Psicologia no Brasil. É um grupo organizado que propôs uma política que há alguns anos vem ocupando diversas entidades, em especial no Sistema Conselhos, e implementando um determinado modo de conceber a construção do saber e do fazer no campo da Psicologia. Quando propomos outra proposta para o Conselho Federal de Psicologia tínhamos consciência de que seria muito difícil, mas achamos que valeria a pena. O movimento começou timidamente e foi se consolidando com apoios diversos. O que nos estimulou durante todo o tempo foi a construção de outra proposta que rompesse com o modo de condução do Conselho Federal de Psicologia que, na nossa avaliação, embora se auto intitule “democrático”, o grupo no poder manipula as instâncias decisórias e não consulta a categoria a contento. Para nós, o exemplo mais recente são as Resoluções 08, 09 e 10/2010 com as repercussões que só desmerecem nossa categoria profissional.

EP: Ficamos com a impressão de que houve uma grande repercussão nacional para as propostas defendidas por vcs...


GJ: Houve sim grande repercussão. Há diversas leituras para os números dos resultados finais. Cada leitura vai privilegiar um recorte e uma interpretação. Eu tomo a liberdade de concluir que perder, no Brasil, por 4% dos votos contra um grupo organizado e articulado há muitos anos pode ser entendido como uma vitória da nossa chapa. Os resultados foram muito diferenciados dependendo da região geográfica e do número de psicólogos votantes. Nossa proposta foi pela construção de uma Psicologia por todos os psicólogos, e talvez, devamos refletir sobre o número significativo de abstenções


EP: Podemos dizer que essa eleição marca o nascimento de um movimento político organizado nacionalmente intitulado FORTALECER A PROFISSÃO?

GJ: Eu, particularmente, sou contrária a constituição de grupos inspirados em grupos políticos partidários e com funcionamento similar, inclusive financeiro (recolhimento de mensalidades e de percentuais de jetons, por exemplo), para conduzir entidades de classes profissionais. Por isso, não gostaria que o nosso coletivo assumisse este formato que critico. O que penso é que podemos constituir um coletivo e propor uma crítica construtiva às próximas gestões do Sistema Conselhos de Psicologia.

EP: Quais as perspectivas daqui para frente?

GJ: O momento agora é de reflexão, tanto para nós que perdemos as eleições, como para o grupo vencedor que vai continuar no CFP. É também um momento de reflexão para toda a categoria dos psicólogos. Espero que a maioria de não votantes também encontre um espaço para compreender que a Psicologia como ciência e profissão não é um exercício de um sujeito isolado e descompromissado com o contexto onde está inserido, mas resultado de um conjunto. Omissão não deixa de ser uma ação, e, deve ser objeto de reflexão para o Sistema Conselhos.

EP: Algo mais que vc queira dizer para nossos leitores?


GJ: A principal mensagem é de esperança. Esperança e trabalho para que se possa dar voz à pluralidade e diversidade da Psicologia, sem pensamentos hegemônicos, sem desqualificações dos oponentes e, principalmente, que a transparência e ética sejam os nortes das ações daqueles que vão ocupar os Conselhos Regionais e o Conselho Federal de Psicologia nos próximos três anos.

sábado, 4 de setembro de 2010

III Jornada Baiana de Psicologia Jurídica

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Resposta do CFP à Procuradoria da República

Nossos leitores têm acompanhado aqui no blog a disput jurídica que se iniciou no RS em torno das resoluções do CFP sobre o Depoimento sem Dano e sobre a atuação do Psicólogo no sistema prisional. Inicialmente, o Ministério Público oFederal impetrou mandado de Segurança na Justiça Federal do RS e conseguiu uma liminar com Tutela antecipada suspendendo os efeitos das resoluções no estado do RS.

A procuradoria da Repúblic veio logo em seguida e , com base na açõ citada, "recomendou" ao CFP a suspensão da resolução em todo o país, por período de seis meses, enquanto a questão não era melhor debatida já que eles entendiam que os questionamentos levantados apontavam para uma ção do CFP além dos limites legais. O não acolhimento da recomendação da Procuradoria daria início à uma ação civil pública comtra o CFP E seus representantes legais.

Ambas as ações do MPF e da PR podem ser vistas em post neste blog logo abaixo. Na sequência vocês encontram a respoosta enviada ontem pelo CFP à Procuradoria da República. (ah, antes que alguém pergunte, o inquérito e suas peças são públicos. Qualquer pessoa interessada tem acesso). Reparem que o CFP somente acata uma das sugestões. Consultamos informalmente alguns advogados a esse respeito e eles sugerem que a PR, provavelmente, iniciará uma ação contra o CFP já que a resposta lacônica não justifica o não acatamento da "sugestão".

Ofício 1806-10/DIR-CFP

Ao Excelentíssimo
Alexandre Amaral Gravonski
Procurador da República
Ministério Público Federal - Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão
Porto Alegre - RS

Assunto: Recomendação PRDC PR/RS nº 01/2010

Exmoº Procurador,

1. O Conselho Federal de Psicologia, em relação á recomendação em destaque vem expor e esclarecer o que se segue:

2. Em atenção a resolução CFP nº 09/2010, que regulamenta a atuação do Psicólogo no sistema prisional, este Conselho acata a recomendação de suspender os efeitos do normativo expedido pelo prazo de seis meses, no qual deverá ocorrer a realização da audiência pública indiada (preferencialmente no prazo de 60 dias). A Diretoria do CFP, portanto, editará norma ad referendum do plenário, suspendendo os efeitos da resolução no prazo designado.

3. Outrossim, no que se refere a Resolução do CFP nº 010/2010, que instituiu a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de violência, na rede de proteção, o Conselho Federal de Psicologia, decidiu por não acatar a recomendação de suspensão dos seus efeitos. Isso porque entende que a inquirição de crianças e adolescentes em juízo, pelo Psicólogo, não corresponde aos limites do exercício profissional e ético da profissão. Tais parâmetros encontram sustentação na Lei nº 4119/62 e no Código de Ética da Profissão (resolução CFP nº 10/2005).

4. Eram estas as considerações que se tinha a fazer, colocando-nos a disposição para a audiência pública a ser designada no prazo assinalado.

Atenciosamente

Humberto Cota Verona
Conselheiro Presidente

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fato curioso

No post anterior noticiamos a realização do IV Encontro de Médicos e Psicólogos do Transito a ser realizado aqui em Salvador no próximo final de semana.

Curiosamente, recebemos hoje o boletim eletrônico do CRP 03 que traz a divulgação de uma palestra sobre Psicologia do Trânsito para a próxima sexta feira, dia 10!!! Mais curioso ainda, é que a palestra do CRP (que será proferida por um membro do CFP) tem temas (assim no plural) e alguns deles são exatamente os mesmos que alguns dos temas do IV Encontro.

Até aqui tudo bem, tudo tranquilo. O trânsito parece ser um dos atuais "objetos de desejo" do sistema Conselhos e, de fato, esse tipo de coincidência pode existir. Entretanto, algumas coisas chamam a nossa atenção e nos fazem olhar essa iniciativa com certo "cuidado". Vamos lhes contar um fato para ilustrar a nossa desconfiança: durante a campanha tivemos a oportunidade de conversar com membros da seção Bahia da Associação Brasileira de Psicologia Jurídica (ABPJ). Eles nos informaram que na época que surgiu a discussão sobre "Depoimento sem Dano" eles troxeram à Salvador uma pessoa para discutir o tema à luz da experiência do RS. Como a posição debatida era contrária àquela defendida pelo CRP (e CFP) o conselho marcou uma palestra alternativa para dois dias depois com o objetivo de esvaziar o evento da ABPJ. E pior, fizeram panfletagem na porta contra a posição apresentada.

Ora, da nossa chapa participaram membros da ABCTRAn (Associação Baiana das Clínicas de Trânsito) que é uma das promotoras do IV encontro!!!!!! Juntando A com B somos quase que forçados a encarar essa palestra do CRP como uma forma de retaliação!!!!!

Aos caros conselheiros do CRP (Gestão desCuidar) só temos uma coisa a dizer: NÃO NOS DOBRAREMOS!!!!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

IV Encontro Baiano de Médicos e Psicólogos do Trânsito

Acontece nos dia 10 e 11 de setembro,sexta e sábado próximos, no Hotel Fiesta em Salvador, o IV Enontro Baiano de Médicos e Psicólogos do Trânsito, uma promoção da ABCTRAN- Associação Baiana da Clínicas de Trânsito.

O encontro visa ampliar os conhecimentos e competências dos peritos examinadores, contemplando a saúde do motorista como fator mais importante para a segurança do trânsito. Entre os temos a serem apresentados/debatidos destacam-se:

  • A biometria e a segurança nos processos de habilitação do DETRAN-BA
  • A Saúde do motorista profissional
  • Histórico da Avaliação Psicológica para Motoristas
  • Teste de Atenção Concentrada - TEACO
Para maiores informações

ABCTRAN: Rua Bahia, 206 – Edifício Special Center
Salas 405 e 406 – Pituba – Salvador - BA
CEP: 41830-160 - Telefone: (71) 3345-4641
E-mail:  abctran@abctran.com.br

Sobre a hegemonia do pensamento único

Apesar da tentativa de manutenção dos psicólogos sob a hegemonia do pensamento único, a resposta da categoria mostrou que existe uma forte rejeição dessas tentativas de aparelhamento do sistema!!!!!