quarta-feira, 26 de maio de 2010

Namoro entre adolescentes está cada vez mais violento

do Jornal de Notícias - Portugal

Jovens relatam mais insultos, ameaças e coacção e menos agressões físicas entre 2009 e 2010


A violência psicológica está a aumentar no namoro e atinge tanto rapazes como raparigas, enquanto a física diminuiu muito ligeiramente, de acordo com um estudo que envolveu mais de 400 jovens que estudam em seis escolas do distrito do Porto.

Um quarto dos inquiridos de ambos os sexos, que têm idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos (a média é 14 anos), afirmou ter sido vítima de violência psicológica no âmbito de uma relação de intimidade, afirmou, ao JN, Maria José Magalhães, presidente da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta.

No caso das raparigas e comparando os dados obtidos em 2009 e este ano, a percentagem aumentou de 19% para 25%. Já as agressões físicas registaram um ligeiríssima diminuição (de 6% para 5%). Contabilizando os dois tipos de violência, verifica-se que 28% das raparigas já sofreram algum tipo de violência. Como não foi questionada a orientação sexual, desconhece-se se os agressores são sempre de sexo diferente da vítima.

Os dados sobre os rapazes não são significativamente distintos, dado que 24% relatam episódios de violência psicológica e 2% de agressões físicas. Um sintoma, na opinião da investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, da "preocupante vulgarização da violência no namoro por parte dos dois géneros".

Estes resultantes são também relevantes por significarem uma perigosa aproximação à taxa de violência entre adultos em relações de intimidade - 32%, de acordo com dados da UMAR relativos ao ano de 2008, sublinha Maria José Magalhães.

Este estudo insere-se no projecto "Mudanças com Arte", promovido pela UMAR com o apoio da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG). O objectivo é prevenir a violência de género nas relações amorosas, entre os alunos de escolas dos 2.º e 3.º ciclos e secundárias.

Para aferir a eficácia das intervenções realizadas, são passados vários instrumentos de avaliação no início e no fim do ano lectivo. Com base nos resultados dos inquéritos, é possível inferir um aumento da consciencialização relativamente a esta problemática, sem que tal signifique obrigatoriamente uma mudança de comportamento.

No início do projecto, cerca de 5% dos alunos não consideravam a agressão física como violência no namoro, enquanto, no final do ano lectivo, apenas 2% tinham essa percepção.

No que concerne aos abusos psicológicos, as diferenças são mais expressivas. Mais 10% dos alunos passaram a considerar "chamar nomes" como violência e atitudes como proibir de vestir determinadas roupas ou de sair sem o namorado (a) passaram a ser sinalizadas como abusos por mais 28% dos inquiridos.

Para a responsável da União de Mulheres Alternativa e Resposta, estes resultados indicam que o "alerta social", provocado por campanhas de sensibilização, tem tido efeitos positivos quanto à deslegitimação da violência nas relações de intimidade.

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